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| Capitão Ibrahim Traoré, líder burkinabê; Jacob Zuma, antigo presidente da África do Sul. |
Num encontro classificado como histórico por observadores pan-africanistas, o ex-presidente sul-africano Jacob Zuma reuniu-se esta segunda-feira (03) com o líder burkinabè, Capitão Ibrahim Traoré, no Palácio Koulouba. O encontro, que contou também com a presença do Ministro dos Negócios Estrangeiros de Burkina Faso, Karamoko Jean Marie Traoré, centrou-se no tema da "
verdadeira libertação" do continente africano.
Ao final da audiência, Zuma, apresentado como "antigo companheiro de armas de Nelson Mandela", não poupou palavras para descrever o propósito da sua visita e a urgência da causa.
Zuma iniciou os seus comentários elogiando profundamente a trajectória recente do Burkina Faso sob a liderança de Traoré. "Acredito que este país fez algo maravilhoso", afirmou, explicando que esse foi o motivo que o levou a querer encontrar-se com o presidente. "Quis conversar com ele e ver o que podemos fazer juntos para continuar a luta pela libertação da África".
O ex-líder sul-africano foi mais longe ao definir o papel inspirador do país na cena continental: "O Burkina Faso, com o seu atual momento de desenvolvimento, representa um exemplo brilhante para todos os africanos que prezam a liberdade e a soberania".
A declaração mais contundente de Zuma foi uma directa denúncia à mentalidade neo-colonial. "Os colonizadores ainda acreditam que a riqueza da África lhes pertence", declarou, para em seguida proclamar, de forma enfática: "Basta dizer que já chega, acabou!".
Com esta frase, Zuma apelou a uma rutura definitiva com a dependência externa, instando os africanos a "tomarem as rédeas do seu destino". A sua convicção é de que o caminho para a verdadeira independência exige uma ação concertada e corajosa.
Para concretizar esta visão, Jacob Zuma lançou um apelo abrangente, convocando não apenas os africanos no continente, mas também a diáspora. Ele exortou todos a "fazerem tudo o que estiver ao seu alcance para apoiar e levar a cabo o processo iniciado pelo Burkina Faso, a verdadeira independência africana".
Esta declaração posiciona o Burkina Faso de Traoré como o epicentro de um novo movimento de libertação pan-africana, com Zuma a assumir um papel de vocal apoiante e propagador desta causa.
IMAGENS REGISTADAS NO
LOCAL DO ENCONTRO
O encontro entre Zuma e Traoré simboliza uma tentativa de unir figuras influentes de diferentes gerações e regiões de África em torno de uma agenda comum de soberania e autodeterminação, indicando um potencial realinhamento nas relações intra-africanas e na sua postura global.