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Moçambicanos expressam medo e críticas à forte presença militar na escolta da Chama de Unidade Nacional em Nampula


A passagem da Chama de Unidade Nacional pela província de Nampula tem gerado apreensão entre os moçambicanos devido à intensa presença de militares e agentes da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) na escolta do símbolo nacional. Equipados com armas AK-47 e utilizando veículos blindados, as forças de segurança têm criado um ambiente que muitos descrevem como intimidante, comparável a um cenário de guerra, apesar de Moçambique não estar em conflito.


Testemunhas locais relatam que a população teme se aproximar da Chama de Unidade Nacional, receando que “movimentos estranhos” possam ser mal interpretados, resultando em incidentes graves, incluindo a possibilidade de serem baleados. “É assustador ver tantos militares armados como se estivéssemos no Afeganistão. Como posso me aproximar da chama com minha família se sinto que qualquer gesto pode ser perigoso?” questionou Ana Mário, uma comerciante de 34 anos residente em Nampula.


A forte presença militar tem gerado críticas contundentes de cidadãos que consideram o aparato desproporcional e contrário ao espírito de união que a chama deveria representar. “Se o governo quer promover a unidade, por que transformar isso numa demonstração de força? Armas de guerra não combinam com um símbolo de paz. Parece que não confiam no povo,” afirmou João Sitoe, um professor de 42 anos, que também criticou a falta de acessibilidade à chama. “Ela deveria ser para todos, mas com tantos soldados, ninguém se sente à vontade.”

Outro residente, Maria Tembe, de 29 anos, expressou preocupação com a mensagem transmitida pela presença militar: “Se as forças de defesa continuarem a empunhar armamento pesado, estão a dizer que Moçambique não está pronto para a união. Isso cria divisão, não unidade. Queremos a Polícia de Proteção, que é mais próxima do povo, a escoltar a chama, e que ela seja acessível a todos.”

Organizações cívicas locais também se manifestaram, apelando ao governo para rever a abordagem. “Moçambique não está em guerra. Não há justificativa para este nível de militarização num evento que deveria ser festivo e inclusivo,” declarou Ernesto Langa, representante de uma associação comunitária em Nampula. Ele sugeriu que a escolta seja feita exclusivamente pela Polícia de Proteção, com uma postura mais amigável, para garantir que a população possa participar sem medo.

O governo ainda não se pronunciou oficialmente sobre as críticas, mas a controvérsia em torno da escolta da Chama de Unidade Nacional destaca um crescente desconforto com a militarização de eventos cívicos. A população de Nampula continua a exigir que a chama, símbolo de coesão nacional, seja verdadeiramente acessível a todos os moçambicanos, sem a sombra de intimidação.

Redação: Índico Magazine || Siga o canal 🌐 Índico Magazine 🗞️📰🇲🇿 no WhatsApp: https://whatsapp.com/channel/0029VafrN6E8aKvAYGh38O2p