O Partido ANAMOLA (Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo) marcou o terceiro dia de suas atividades com a inauguração de sua primeira sede nacional, localizada no bairro dos Zimpeto, na Cidade de Maputo. O evento, liderado pelo presidente interino Venâncio Mondlane, não apenas simbolizou a entrada do partido em uma "
nova era" de respeito à Constituição e harmonia com as autoridades públicas, mas também serviu como uma homenagem emocionante ao advogado Elvino Dias, assassinado a tiros exatamente um ano antes, em 19 de Outubro de 2024. Além disso, Mondlane reforçou o apelo por uma paralisação de atividades na segunda-feira, 20 de Outubro, como parte de um período de reflexão nacional sobre o futuro de Moçambique.
A cerimônia de inauguração atraiu simpatizantes, membros do partido e representantes locais, destacando o compromisso da ANAMOLA com uma política de paz e diálogo construtivo. Venâncio Mondlane, em seu discurso, enfatizou os esforços do partido para eliminar qualquer clima de inimizade com as autoridades, recordando ações concretas tomadas nos últimos meses. "Nós demos muitos passos para mostrar que somos um partido de paz, que quer fazer uma luta política pura", declarou Mondlane. Ele citou as mesas de negociação realizadas com o atual chefe de Estado, Daniel Chapo, em março e junho deste ano, além do envio de credenciais para delegados regionais, provinciais e distritais, com o objetivo de fomentar um relacionamento cordial com a administração pública.
A sede inaugurada, batizada como Sede Distrital de Kamubukwana, representa o primeiro espaço físico oficial do partido recém-formado. Mondlane destacou que a escolha do local e da data não foi aleatória: a inauguração coincide com o aniversário da morte de Elvino Dias, um advogado proeminente que defendia causas democráticas e que foi vítima de um atentado fatal na capital moçambicana. "Esta sede é uma homenagem a Elvino Dias, que lutou pela liberdade e pela justiça em Moçambique. Seu legado nos inspira a prosseguir com uma política pacífica e legal", afirmou o líder, visivelmente emocionado. A placa comemorativa na entrada da sede menciona Dias como um "mártir da democracia", simbolizando o compromisso da ANAMOLA em honrar aqueles que sacrificaram suas vidas pela causa da autonomia e liberdade no país.
Durante o evento, Mondlane clarificou rumores sobre possíveis manifestações de rua, enfatizando que o partido não convoca protestos violentos ou disruptivos. Em vez disso, ele apelou a um período de três dias de reflexão, iniciado no sábado, 18 de Outubro, continuado no domingo como "Dia da Reflexão" e estendendo-se à segunda-feira, 20 de Outubro. "Não convocamos manifestações de rua; apelamos à reflexão. Que o povo moçambicano pare, pense e reflita sobre o futuro que deseja para o país", explicou. Essa paralisação de atividades, segundo o líder, implica uma suspensão voluntária de rotinas diárias, como trabalho e comércio, para fomentar um debate interno e coletivo sobre os rumos de Moçambique. Mondlane reiterou que a ANAMOLA respeita integralmente a Constituição da República de Moçambique e as leis que regem a atuação dos partidos políticos, posicionando o partido como uma força pacífica e construtiva.
A presença do chefe do quarteirão 7, no bairro dos Zimpeto, foi apontada por Mondlane como um "sinal claro" do tipo de relação harmoniosa que o partido pretende manter com as autoridades locais. Além disso, o ANAMOLA enviou convites formais ao posto policial mais próximo, em Marracuene, para que representantes das forças de segurança participassem da inauguração. "Da nossa parte, tomamos todas as diligências para mostrar que estamos disponíveis a fazer uma política de paz dentro do quadro constitucional e legal. Agora, esperamos o feedback das autoridades públicas", garantiu o presidente interino. Ele expressou preocupação com "indícios de perseguições pontuais" contra membros do partido em algumas regiões e pediu que esses episódios sejam "estripados de uma vez por todas", visando um ambiente político seguro e pacífico.
As atividades do Partido ANAMOLA tiveram início no sábado, 17 de Outubro, e culminam na segunda-feira com a paralisação para reflexão. Simpatizantes do partido veem essa iniciativa como um chamado à unidade nacional, especialmente em um contexto de tensões políticas recentes em Moçambique.
Com essa inauguração, a ANAMOLA posiciona-se como uma alternativa democrática, focada na legalidade e no diálogo, enquanto homenageia figuras como Elvino Dias. A paralisação proposta para segunda-feira é vista como um teste à adesão popular, potencialmente influenciando o debate sobre reformas políticas no país. Autoridades públicas ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o apelo, mas o evento reforça a mensagem de Mondlane: "Esta é a postura que a ANAMOLA quer assumir, para eliminar de vez a ideia de crispação e inimizade com as autoridades. Fácil."
Redação: Índico Magazine