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Venâncio Mondlane acusado de terrorismo e outros quatro crimes pelo Ministério Público moçambicano


Ex-candidato presidencial diz ter prestado “um grande serviço à pátria” e contesta acusações ligadas aos protestos pós-eleitorais

O político moçambicano Venâncio Mondlane foi formalmente acusado de cinco crimes, incluindo incitamento à desobediência coletiva e instigação ao terrorismo, no contexto das manifestações pós-eleitorais que abalaram Moçambique entre outubro de 2024 e março de 2025. As revelações foram feitas pelo próprio Mondlane à saída da Procuradoria-Geral da República (PGR), em Maputo, onde esteve para ser notificado.

A comparecência decorreu sob forte aparato policial, com a sede da PGR interditada à circulação automóvel e pedonal. Agentes armados e equipas da Unidade de Intervenção Rápida posicionaram-se ao redor do edifício, impedindo a aproximação de apoiantes do político. Segundo Mondlane, esta foi a sua terceira convocatória à PGR no âmbito dos protestos pós-eleitorais.

Pelo contrário, eu prestei um grande serviço a esta nação”, afirmou Mondlane à imprensa, garantindo estar de “consciência tranquila” e contar com uma equipa internacional de advogados. Para ele, as manifestações revelaram a profundidade da fraude eleitoral e despertaram um sentimento patriótico inédito entre os moçambicanos. “É a primeira vez desde a independência nacional que o povo canta o hino nacional por uma semana inteira, sentindo orgulho de ser moçambicano”, sublinhou.

Venâncio Mondlane, ex-candidato presidencial nas eleições de 9 de outubro de 2024, não reconhece a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, e liderou uma série de protestos e paralisações em diversas províncias. Os confrontos com a polícia resultaram, segundo organizações não-governamentais, em cerca de 400 mortos, além de registo de saques e destruição de património.

Após ser notificado, o político foi escoltado pela polícia até à sua residência, num momento em que dezenas de apoiantes aguardavam a sua chegada ao Aeroporto Internacional de Maputo. O Ministério Público manteve o Termo de Identidade e Residência como medida de coação, não tendo decretado prisão preventiva.

Os conflitos que marcaram o pós-eleições começaram a arrefecer após dois encontros públicos entre Venâncio Mondlane e Daniel Chapo, realizados em março e maio deste ano, visando a pacificação do país.

Fonte: SIC Notícias
Redação: Índico Magazine