Documento assinado pelo Comité Distrital da FRELIMO em Eráti solicita doações em dinheiro ou bens alimentares para as cerimónias do 50º aniversário da independência, referindo-se diretamente a um apelo do Chefe de Estado, Daniel Chapo.
Uma carta assinada pelo Secretariado do Comité Distrital de Eráti, Departamento de Administração e Finanças, do partido FRELIMO, está a gerar polémica nas redes sociais e entre agentes da sociedade civil. No documento, datado de 2 de Junho de 2025 e dirigido à Farmácia “Filhos”, em Namapa, o partido solicita apoio financeiro ou em géneros alimentares para a celebração do cinquentenário da independência nacional, marcada para 25 de Junho.
Leia também Fernando Mazanga apela ao respeito pelos estatutos da RENAMO e à recuperação das instalações ocupadas
O pedido é feito em nome do “apelo de união” lançado pelo Presidente da República, Daniel Francisco Chapo, sublinhando a importância histórica da data. No entanto, a linguagem usada e o facto de ser um órgão partidário a solicitar apoio para um ato de Estado levantam sérias dúvidas sobre a separação entre o partido FRELIMO e as instituições do Estado moçambicano.
“Vimos por este meio pedir à essa Entidade Patronal apoio em dinheiro ou géneros alimentares até dia 18 de Junho para fazer face às cerimónias”, lê-se na carta assinada por Anatoli Felisberto de Sousa, Chefe da Comissão de Finanças.
Críticos apontam que a prática configura uma tentativa de extorsão velada, onde uma farmácia privada é pressionada a contribuir, sob a aura de um dever patriótico promovido pelo partido no poder, usando o nome do Presidente.
Organizações da sociedade civil têm vindo a alertar para o uso indevido das estruturas partidárias para fins que deveriam ser geridos por entidades estatais, respeitando os princípios de neutralidade e legalidade.
Redação: Índico Magazine