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Morre Fernando Veloso, ícone da resistência jornalística e fundador do Canal de Moçambique

Fernando Veloso, Jornalista e fundador do Canal de Moçambique.
O jornalismo moçambicano chora a perda de uma de suas vozes mais inabaláveis. Fernando Veloso, fundador e diretor do semanário Canal de Moçambique, faleceu esta terça-feira (21), deixando um vazio irreparável na luta pela liberdade de expressão e pela verdade em um país marcado por desafios à imprensa independente. Aos 70 anos, Veloso sucumbiu a complicações de saúde após décadas de dedicação incansável ao ofício, enfrentando perseguições, detenções e até o incêndio criminoso de sua redação em 2018, um ato que ele transformou em símbolo de resiliência, reerguendo o jornal com o lema "A verdade não morre no fogo".

Veloso não era apenas um repórter ou editor; era um farol da resistência contra a corrupção e o autoritarismo. Ao longo de mais de 30 anos de carreira, ele expôs esquemas de poder, defendeu direitos humanos e questionou narrativas oficiais, mesmo sob risco constante de retaliação. Em 2015, foi processado por "abuso de liberdade de imprensa" ao publicar uma carta aberta crítica ao então presidente Armando Guebuza, um caso que mobilizou organizações internacionais como a Anistia Internacional em defesa da liberdade de expressão. Sua prisão em 2018, durante protestos contra fraudes eleitorais, e o ataque incendiário ao Canal de Moçambique atribuído a forças ligadas ao governo, só reforçaram sua determinação. "O silêncio é o maior inimigo da democracia", costumava dizer Veloso, uma frase que ecoa em seu legado de integridade ética e coragem inquebrantável.

O que muitos talvez não saibam é o quanto Fernando Veloso nutria uma conexão profunda com as novas gerações do jornalismo independente moçambicano. Fiel seguidor e leitor assíduo do portal Índico Magazine, Veloso frequentemente compartilhava conteúdos da plataforma em suas redes sociais, incentivando colegas e ativistas a amplificarem vozes periféricas.

A notícia de sua morte gerou uma onda de comoção imediata. Venâncio Mondlane, ativista e líder da ANAMOLA (Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo) publicou uma mensagem emocionante em suas redes: "Hoje apagou-se a luz da liberdade jornalística. É com profundo pesar que recebo a notícia do teu falecimento, caro Fernando Veloso, um verdadeiro herói do jornalismo moçambicano e a face da retidão jornalística. Sua dedicação incandescente à verdade, sua coragem de enfrentar desafios e sua paixão por dar voz aos que não são ouvidos deixam um legado indelével. A tua grandiosidade não se chora, se agradece com o compromisso de que esta geração Z dará continuidade na luta contra as trevas. Obrigado de coração, Mano mais velho. Vá em paz!".

Organizações como a Media Institute of Southern Africa (MISA) e a Human Rights Watch emitiram comunicados lamentando a perda, destacando Veloso como "um pilar da imprensa africana". Em Maputo, velas foram acesas em vigília espontânea na sede do Canal de Moçambique, com cartazes proclamando: "Veloso Vive na Verdade".

Fernando Veloso deixa esposa, dois filhos e uma nação inspirada. Seu funeral está marcado para sexta-feira, 24 de outubro, em Maputo, com honras póstumas prometidas pelo sindicato de jornalistas. Mas seu verdadeiro epitáfio está na semente que plantou: uma geração de repórteres, muitos formados pelo Canal e influenciados por veículos como o Índico Magazine, que continuarão a luta por justiça social, transparência e liberdade de expressão.

Em um Moçambique ainda marcado por censura e violência contra a imprensa, a partida de Veloso não é um fim, mas um chamado à ação. Como ele próprio diria: a verdade não morre; ela renasce nas vozes que ele ajudou a erguer. Descansa em paz, guerreiro da palavra. O teu eco perdurará.

Redação: Índico Magazine 

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