O ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane expressou hoje sua satisfação com a aprovação oficial de seu partido político, a Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo (ANAMOLA), pelas autoridades do Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos de Moçambique. Em uma transmissão ao vivo realizada a partir do exterior, Mondlane anunciou a oficialização do partido, destacando que, apesar da mudança de nome de "Anamalala" para "ANAMOLA", o slogan "ANAMALALA" permanecerá como um símbolo marcante da luta política em Moçambique.
“Nós trocamos o nome de ANAMALALA para ANAMOLA, mas ANAMALALA continua a ser o nosso slogan. Não vamos abandonar [ANAMALALA],” disse Mondlane, justificando que a expressão “ANAMALALA” foi “uma revelação grandiosa num momento interessante da nossa vida política e da vida política de Moçambique.”
A aprovação do partido, comunicada oficialmente na quinta-feira, 14 de agosto de 2025, marca o fim de uma disputa de meses com as autoridades, que rejeitaram o nome original "Anamalala" por considerá-lo divisionista devido ao seu significado na língua Macua, falada em Nampula, que pode ser traduzido como “está acabado” ou “vai acabar”. A mudança para ANAMOLA foi uma resposta às exigências do governo, mas Mondlane enfatizou que o espírito do movimento permanece intacto.
Mondlane destacou que a legalização da ANAMOLA representa uma nova ferramenta para continuar a luta pela libertação do povo moçambicano. Ele reiterou os pilares de seu manifesto político, que incluem:
- Função pública independente, tanto política quanto financeiramente;
- Serviços públicos eficientes, com ênfase em educação e saúde gratuitas;
- Salários dignos para trabalhadores de todas as profissões;
- Investimentos estrangeiros que beneficiem diretamente as comunidades locais;
- Independência da imprensa, que, segundo ele, está atualmente “capturada”;
- Redução da idade de maioridade de 21 para 18 anos, permitindo maior participação dos jovens na sociedade e na economia;
- Combate aos raptos e à insegurança, que têm afastado empresários e gerado desemprego;
- Investimentos em zonas rurais para promover o desenvolvimento comunitário.
“Já temos um instrumento para continuar a lutar pela libertação do nosso povo,” afirmou Mondlane, reforçando que a ANAMOLA será uma plataforma para representar os interesses da juventude, dos desempregados e das comunidades marginalizadas.
Durante a transmissão ao vivo, Mondlane convocou seus apoiantes para celebrar a oficialização do partido na próxima segunda-feira, 18 de agosto de 2025, às 15h, no Aeroporto Internacional de Mavalane, em Maputo, onde ele chegará para marcar o início dessa nova fase. Ele incentivou os moçambicanos a “abrir o champanhe” e se reunir para comemorar o que descreveu como um marco para a política do país.
“Queridos amigos, até segunda-feira, se não antes, às 15h estarei no Aeroporto de Mavalane para que possamos celebrar juntos a aprovação do nosso partido ANAMOLA,” disse Mondlane.
A aprovação da ANAMOLA ocorre após meses de tensões e disputas legais. Mondlane, que se tornou uma figura central da oposição após as eleições gerais de 9 de outubro de 2024, liderou protestos massivos contra os resultados eleitorais, que ele considera fraudulentos e que deram vitória a Daniel Chapo, do partido no poder, FRELIMO. Esses protestos resultaram em violentos confrontos com a polícia, com cerca de 400 mortes registradas, segundo organizações da sociedade civil.
Mondlane enfrentou acusações de cinco crimes, incluindo “incitação ao terrorismo”, e alega perseguição política por parte do governo de Chapo. Apesar disso, a aprovação da ANAMOLA é vista como um passo significativo para consolidar sua posição como líder da oposição e continuar sua luta por reformas estruturais no país.
Embora a aprovação do partido seja um marco, Alfazema, uma figura mencionada em artigos recentes, alertou que a ANAMOLA deve aguardar a publicação oficial no Boletim da República (BR) e estar atenta a possíveis tentativas de anulação em processos judiciais. Este alerta sublinha a fragilidade do processo político em Moçambique, onde decisões judiciais podem ser contestadas ou revertidas.
A oficialização da ANAMOLA é vista como o início formal de uma “revolução moçambicana”, conforme descrito por Dinis Tivane, assessor político de Mondlane. A popularidade de Mondlane entre os jovens e sua capacidade de mobilizar grandes multidões sugerem que o partido pode desempenhar um papel significativo na reconfiguração do cenário político moçambicano, desafiando a hegemonia de meio século do partido FRELIMO.
Mondlane encerrou sua transmissão com um chamado à ação: “Agora vamos dizer: ANAMOLAAAA, ANAMALALAAAA!” Essa frase encapsula a continuidade do movimento que ele representa, mantendo o slogan “ANAMALALA” como um grito de resistência e esperança por um Moçambique mais justo e livre.
Redação: Índico Magazine