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Ministério da Educação admite dívidas de horas extras a professores e enfrenta críticas por falhas no sistema educativo


A Ministra da Educação, Samaria Tovela, reconheceu que o governo ainda deve remunerações a milhares de professores pelas horas extraordinárias trabalhadas nos últimos três anos, desde 2022. A demora nos pagamentos, que afeta docentes em todo o país, foi atribuída a graves falhas de comunicação entre o Ministério da Educação e as direcções distritais, agravadas pela ausência de dados consolidados sobre os professores já pagos e os que ainda aguardam.

Em declarações, Tovela destacou os desafios estruturais do sistema educativo moçambicano, que acolhe anualmente cerca de 1,5 milhões de novos alunos, número que excede a capacidade de resposta do sector. "A comunicação entre as instituições centrais e os serviços distritais é deficitária", afirmou a ministra, explicando que a sobrecarga no sistema força milhares de professores a acumular aulas e trabalhar horas extras para atender à crescente demanda. Actualmente, o país conta com aproximadamente 160 mil professores, mas enfrenta uma carência de 12 mil docentes para os níveis primário e secundário no ano escolar de 2025.

A falta de pagamento pelas horas extraordinárias tem gerado tensões constantes entre o governo e os educadores. A Associação Nacional de Professores de Moçambique (ANAPRO) acusa o governo de desinformar a população sobre a regularização dessas dívidas e critica a superlotação nas salas de aula, com turmas que frequentemente ultrapassam 100 alunos. A ANAPRO ameaça intensificar as reivindicações, incluindo a recusa dos professores em leccionar em turmas superlotadas, alegando que essas condições comprometem gravemente a qualidade do ensino.

A situação expõe as fragilidades do sistema educativo moçambicano, que luta para conciliar o crescimento da população estudantil com recursos limitados e problemas de gestão. A resolução das dívidas e a melhoria das condições de trabalho dos professores tornaram-se prioridades urgentes para evitar paralisações no sector e garantir a continuidade do ensino.

Redação: Índico Magazine