O porta-voz da
ANAMOLA (Aliança Nacional Moçambicana para a Libertação e Autodeterminação), Dinis Tivane, reagiu com emoção e metáforas fortes à entrada de
Venâncio Mondlane no Conselho de Estado, após a convocatória feita pelo Presidente da República, Daniel Chapo. Para Tivane, a tomada de posse do líder interino da ANAMOLA representa “
a vitória do povo sobre um sistema que se julgava eterno”.
Na sua intervenção, Tivane destacou que a presença de Venâncio Mondlane na sala onde se reúnem antigos presidentes e figuras históricas foi profundamente simbólica. “Claramente, Venâncio Mondlane soou a uma figura sinistra naquela sala, uma verdadeira bomba implosiva silenciosa, mas letalíssima”, afirmou, sublinhando que Mondlane surge como a continuidade de um sonho interrompido de Samora Machel e Eduardo Mondlane.
Segundo Tivane, a reação de alguns veteranos da luta de libertação demonstrou desconforto diante da nova geração política. “Chipande baixou a cabeça. Ver ele irado, mas impotente, me lembrou sua estátua sendo arrastada por jovens em Cabo Delgado, em sinal de ‘ANAMALALA’ a todos os velhos que sonharam ser eternos”, referiu.
O porta-voz frisou que Mondlane chegou ao Conselho de Estado legitimado pelos votos e pela vontade popular. “
Ele não pisou ninguém. Conseguiu, legitimamente. Ele não deve nada a ninguém, nem para estar ali como Conselheiro do Estado Moçambicano, nem para a constituição do seu ANAMOLA”, reforçou.
Para Tivane, a caminhada de Venâncio Mondlane no tapete vermelho teve um peso simbólico marcado pela memória recente da violência política. “Ali, VM7 caminhando pelo tapete vermelho, como se sangue do Elvino Dias e Paulo Guambe espalhasse, demonstrou que estar ou ser grande também se é sem pisar, trair ou ser bandido”, disse, numa alusão às mortes de ativistas e opositores após as eleições de 2024.
Outro momento destacado por Tivane foi o olhar de Graça Machel durante a cerimónia: “Oh, aquele olhar de uma Linda e Mítica Mulher denunciava um misto de dor, saudades e alguma alegria em tom de: ‘Meu marido era assim como este cabeludo. Meu filho podia estar ali’”.
Dinis Tivane concluiu a sua reação afirmando que a presença de Venâncio Mondlane no Conselho de Estado simboliza uma viragem histórica: “Hoje, o povo venceu, mais uma vez… realmente, povo tem sempre razão. Dizer ‘Vai Presidente…’ foi uma decisão acertada e que orgulha todos os moçambicanos que amam esta pátria”.