Maputo, 04 de fevereiro de 2025 — O movimento liderado por Venâncio Mondlane anunciou oficialmente o fim da sua relação política com o partido PODEMOS, acusando-o de traição à causa popular e de priorizar interesses financeiros e posições políticas. O comunicado, assinado pelo assessor político Dinis Tivane, foi divulgado nesta terça-feira (04) pelo Jornal do Povo e reforçado por publicações na página oficial do Facebook do assessor.
Segundo o comunicado, o rompimento foi motivado pela decisão do partido PODEMOS de tomar posse na Assembleia da República "contra a vontade do povo" e de se distanciar das reivindicações populares. Além disso, o Gabinete do Presidente do Povo denuncia alegados atos de corrupção, envolvendo somas avultadas de dinheiro e benefícios materiais para membros do PODEMOS, sugerindo que o partido teria abandonado a luta coletiva em troca de vantagens individuais.
"Nem tudo na vida é dinheiro e posições"
Na publicação oficial, Dinis Tivane destacou que a política deve ser movida por princípios e não por interesses financeiros.
"Ciente de que não é uma luta por dinheiros, cargos ou benesses que moveram Venâncio Mondlane para esta luta, ele decidiu pôr fim a esta relação que atingiu proporções de imoralidade nunca vistas", escreveu.
O comunicado enfatiza os sacrifícios feitos por militantes e apoiantes do movimento, mencionando pessoas que foram mortas, presas injustamente, perderam empregos e patrimônios, ou vivem em exílio. "Para todos estes que mencionamos, continuaremos a lutar para que a justiça seja feita", reafirmou Tivane.
Acusações de falsificação e falta de compromisso
Outro ponto crítico do rompimento foi a alegada falsificação de um acordo que teria oferecido ao movimento uma participação de 5% nos benefícios políticos. O assessor acusa o PODEMOS de não cumprir o acordo coligatário assinado em 21 de agosto de 2024, em Manhiça, e de demonstrar insensibilidade diante das reivindicações populares.
"Sem apresentar uma agenda concreta ou propor termos de referência, o partido PODEMOS embalou-se para um 'suposto' diálogo onde até aqui se desconhece a quem vai beneficiar. Ou será como sempre, as elites políticas a distribuírem, entre si, mordomias, benesses e privilégios infindáveis?", questiona o comunicado.
"Não se converte quem nunca teve uma causa"
No desfecho da publicação, Tivane lamenta a falta de compromisso do PODEMOS com os valores que motivaram a coligação e sugere que a ganância e a ambição política se sobrepuseram à causa do povo. "Todos dizem que fazem política para o povo, mas quando o poder chega, a verdadeira identidade das pessoas se revela. Começam traições, despoletam-se cotoveladas... o tempo trará mais verdades", concluiu.
O Gabinete do Presidente do Povo informa que irá orientar todas as suas delegações, dentro e fora do país, a se desvincularem do PODEMOS e a seguirem em frente com a luta pelos direitos do povo moçambicano.
ABAIXO O COMUNICADO VEICULADO À IMPRENSA:
A ruptura marca um novo capítulo na política moçambicana e levanta questões sobre os próximos passos de Venâncio Mondlane e do movimento que lidera.
Redação: Índico Magazine |Fonte: Jornal do Povo| Siga o canal 🌐 Índico Magazine 🗞️📰🇲🇿 no WhatsApp: https://whatsapp.com/channel/0029VafrN6E8aKvAYGh38O2p