O Presidente de Moçambique, Daniel Francisco Chapo, sublinhou este sábado (30.08), durante um comício popular realizado no distrito da Katembe, em Maputo, que o verdadeiro motor de desenvolvimento nacional deve estar na
agricultura, no comércio e no turismo, e não apenas nos recursos minerais como o gás e o carvão.
“Nós, como moçambicanos, temos um país rico, é verdade que temos gás, temos carvão, temos outros recursos, mas não podemos nos esquecer que a nossa base de desenvolvimento é a agricultura, o comércio e o turismo (...). Gás não se come, carvão não se come”, afirmou Chapo, arrancando aplausos do público.
Para o Chefe de Estado, o desenvolvimento sustentável deve assentar nos setores produtivos que têm impacto direto no quotidiano dos cidadãos. “É pouco, mas é o nosso dinheiro (...). A agricultura, trabalharmos a terra, produzirmos comida, e esta comida não é só para nós consumirmos, mas também para vender, caso haja excedente, e termos dinheiro e sustentarmos nossa família”, explicou.
Chapo pediu concentração nestes “setores habituais de desenvolvimento”, que, segundo ele, garantem a subsistência das famílias e dinamizam a economia local.
O Presidente foi também incisivo ao apontar a corrupção como um dos principais obstáculos ao progresso do país. “O dinheiro que podia ir para construirmos mais escolas, mais hospitais, mais medicamento, mais livros para criança, mais energia, mais estrada acaba indo para uma pessoa ou para um grupo de pessoas, isto empobrece o nosso povo”, criticou.
Outro tema de destaque no seu discurso foi o combate ao consumo de álcool de alto teor, sobretudo entre os jovens. Chapo classificou estas bebidas como nocivas e prejudiciais à saúde: “O álcool etílico é o mesmo que limpa a ferida, não é álcool para alguém consumir (...). Precisamos de jovens saudáveis, a juventude é nosso futuro.”
Além do álcool, o Chefe de Estado denunciou a venda de drogas em redor das escolas, muitas vezes disfarçadas de pães ou rebuçados. “Vendem e vão viciando as nossas crianças desde adolescentes. Vamos entrar neste combate para podermos realmente combater este mal”, assegurou.
Chapo recordou ainda que, antes do início do atual ciclo de governação, a cidade de Maputo registava uma onda preocupante de raptos, que afetava sobretudo a classe empresarial. “Quase todos os dias, quase todas as semanas, havia raptos em Maputo. Decidimos que não há nenhum país no mundo que desenvolve com este nível de criminalidade”, disse, acrescentando que os níveis destes crimes têm vindo a diminuir.
Embora tenha abordado corrupção, álcool, drogas e raptos, Daniel Chapo não fez referência explícita ao combate ao terrorismo em Cabo Delgado, um dos maiores desafios de segurança nacional da última década. A omissão levanta dúvidas sobre se este tema estaria a ser relegado para segundo plano na sua agenda política, num momento em que a retoma económica e a estabilidade social são destacadas como prioridades.