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Quem é Ibrahim Traoré, Presidente de Burkina Faso❓


Em meio a uma crescente onda de golpes militares na África Ocidental, o Capitão Ibrahim Traoré emergiu como uma das figuras mais emblemáticas da nova geração de líderes militares no Sahel. Desde 30 de setembro de 2022, Traoré ocupa a presidência de Burkina Faso, após liderar um golpe que destituiu o então chefe de Estado, tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba. A motivação: a contínua deterioração da segurança no país diante da ameaça jihadista.

Nascido em 1988 na cidade de Bondokuy, na região de Mouhoun, Ibrahim Traoré iniciou sua carreira militar em academias burquinenses e, posteriormente, recebeu treinamento adicional no exterior. Como capitão do exército, esteve diretamente envolvido em operações contra grupos extremistas que aterrorizam o país há anos, como o JNIM (Grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos) e o Estado Islâmico no Grande Saara (EIGS).

A tomada de poder por Traoré marcou o segundo golpe em menos de um ano. Em janeiro de 2022, Damiba já havia deposto o presidente civil Roch Marc Christian Kaboré, prometendo restaurar a segurança. Contudo, após nove meses sem avanços significativos, foi a vez de Damiba ser derrubado por seus próprios homens, liderados por Traoré. Ao assumir o comando, o jovem capitão lançou a chamada “Restauração Patriótica”, defendendo uma postura mais firme no combate ao terrorismo.


Desde então, o governo de Traoré adotou uma estratégia mais agressiva no front militar. Um dos pilares foi o recrutamento em massa de civis armados, os chamados Voluntários para a Defesa da Pátria (VDP), para apoiar as tropas regulares. Em paralelo, Traoré rompeu relações com a antiga potência colonial, a França, e passou a buscar apoio junto à Rússia — inclusive, com possíveis vínculos com o controverso Grupo Wagner, uma organização de mercenários russa.

As forças sob seu comando conseguiram recuperar algumas áreas no norte e leste do país, realizando ofensivas em regiões críticas como Sahel e Est. Ainda assim, os ataques jihadistas continuam e a insegurança persiste em vastas partes do território nacional.

Além da insegurança, Traoré enfrenta uma grave crise humanitária, com mais de 2 milhões de pessoas deslocadas internamente. No plano diplomático, Burkina Faso se encontra cada vez mais isolado. A CEDEAO, bloco regional, impôs sanções e pressiona por um retorno à ordem constitucional.


O líder militar prometeu uma transição para um governo civil até 2024, mas há dúvidas sobre a realização de eleições livres. Por enquanto, o poder permanece concentrado em mãos militares, sustentado pelo apoio popular de parte da população e pelos laços estreitos com Moscou.

Ibrahim Traoré simboliza uma ruptura com o modelo tradicional de governança na região. Jovem, nacionalista e com um discurso fortemente antiocidental, ele representa um novo tipo de liderança que busca alternativas locais e parcerias não convencionais para enfrentar desafios como o terrorismo. No entanto, o futuro de Burkina Faso segue incerto, preso entre a necessidade de segurança, as demandas democráticas e os ventos de mudança que sopram por toda a África Ocidental.

Redação: Índico Magazine || Siga o canal 🌐 Índico Magazine 🗞️📰🇲🇿 no WhatsApp: https://whatsapp.com/channel/0029VafrN6E8aKvAYGh38O2p