De acordo com o Chefe de Estado, as reuniões realizadas entre as partes não resultaram em compromissos formais ou obrigações mútuas. Segundo ele, o propósito central foi desencorajar discursos de ódio e contribuir para a redução das tensões políticas no país.
“A solução dos encontros foi para deixar os discursos de ódio entre ambas as partes,” afirmou Chapo, reiterando que “não há nada a cumprir”, numa clara tentativa de desassociar-se de qualquer entendimento político com o líder do movimento VM7.
A declaração, no entanto, contrasta com informações previamente divulgadas sobre os encontros. Chapo reconheceu que houve reuniões e que delas surgiu um entendimento de que a pacificação do país era necessária — entendimento esse que, segundo o próprio, está a ser cumprido por ambas as partes. Essa admissão levanta questionamentos sobre a coerência do discurso presidencial, uma vez que "cumprir com o que foi entendido" sugere a existência de um acordo, mesmo que tácito ou informal.
Para analistas políticos, a retórica adotada por Chapo pode ser vista como uma tentativa de distanciar-se de eventuais custos políticos associados a um acordo com um opositor direto, enquanto ainda colhe os dividendos simbólicos da iniciativa de diálogo. Trata-se, segundo alguns, de uma estratégia de “negação útil”, frequentemente usada para manter margem de manobra política sem assumir compromissos públicos.
O debate sobre se houve ou não acordo continua a gerar reações na sociedade civil e nos círculos políticos, sobretudo porque os encontros entre Chapo e Mondlane ocorreram em momentos críticos de contestação eleitoral e instabilidade política no país.
Enquanto o Presidente insiste que “não há nenhuma obrigação resultante de entendimentos com Mondlane”, permanece no ar a pergunta: como pode haver entendimento e cumprimento de objetivos comuns sem conversações ou acordo?
Redação: Índico Magazine