Corrida à liderança da maior organização empresarial de Moçambique inclui escândalo judicial e promessas de renovação
O presidente cessante da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Agostinho Vuma, encerrou oficialmente os seus dois mandatos à frente da organização com uma cerimónia de despedida realizada ontem, num restaurante de luxo na cidade de Maputo. O evento reuniu membros da agremiação, empresários e colaboradores que testemunharam os últimos momentos de Vuma na liderança da entidade que representa o setor privado moçambicano.
O seu mandato foi marcado por momentos desafiadores, como a pandemia de COVID-19, o agravamento das crises financeiras e a busca por um ambiente de negócios mais favorável. Agora, com o fim do seu ciclo, a CTA prepara-se para um processo eleitoral intenso, cujo desfecho será conhecido na Assembleia Geral marcada para 14 de maio de 2025.
Três candidatos, uma eleição polarizada
Três nomes destacam-se na disputa pela presidência:
- Álvaro Massingue, presidente da Câmara de Comércio de Moçambique (CCM), viu sua candidatura inicialmente rejeitada pela CTA por alegadas irregularidades na tentativa de manipular votos, incluindo o pagamento de quotas de 34 associações com fundos de origem controversa. Após contestação judicial, o Tribunal de KaMpfumo deu ganho de causa a Massingue, permitindo seu regresso à corrida. A CTA resistiu, mas acabou por acatar a decisão judicial a 9 de maio.
- Lineu Candieiro, presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), apresenta-se como uma opção de renovação, com foco na inovação e competitividade. A sua candidatura foi aprovada sem contestações e conta com simpatias entre setores ligados à atual direção da CTA.
- Maria Assunção Abdula, atual vice-presidente da CTA e representante da Associação Comercial de Moçambique (ACM), aposta na valorização do empresariado feminino e promete romper com o modelo de gestão vigente, distanciando-se da linha de continuidade de Vuma.
A campanha eleitoral decorre de 5 a 13 de maio, com intensas movimentações nos bastidores e forte polarização entre as associações filiadas – ao todo, 174 com situação regularizada estão habilitadas a votar.
A eleição ocorre num momento de grande expectativa para o setor privado moçambicano, que enfrenta desafios estruturais como a recuperação pós-pandemia, a atratividade de investimento estrangeiro e a necessidade de reformas que facilitem a atividade empresarial.
A sucessão de Vuma está longe de ser uma simples troca de cadeiras. Com escândalos, disputas judiciais e promessas de transformação, a eleição da CTA poderá redefinir o papel do setor privado na economia nacional nos próximos anos.
Redação: Índico Magazine || Junte-se ao canal 🌐 ÍNDICO MAGAZINE 🗞️📰🇲🇿 no WhatsApp: https://whatsapp.com/channel/0029VafrN6E8aKvAYGh38O2p