As celebrações do 50.º aniversário da independência de Moçambique, realizadas no Estádio da Machava — agora denominado Estádio da Independência Nacional — ficaram marcadas não apenas pelos discursos oficiais e simbolismo histórico, mas também por duras críticas vindas da diáspora africana.
Lígia Dias Fonseca, advogada e ex-primeira-dama da República de Cabo Verde, utilizou as redes sociais para denunciar o que chamou de "cinquenta anos de desgoverno comandado pela FRELIMO". Num texto contundente, Lígia criticou os líderes históricos moçambicanos, apontando diretamente Joaquim Chissano, Armando Guebuza, Filipe Nyusi e o atual presidente, Daniel Chapo, como “responsáveis pela má situação política, social e económica do país”.
“Estes homens conduziram Moçambique ao atraso, à miséria, instalaram e consolidaram a corrupção em todo o aparelho administrativo e vivem na opulência, no bem bom”, escreveu.
Referindo-se à simbólica "tocha da unidade" que foi entregue no estádio por Nyusi a Chapo, Fonseca argumentou que essa chama representa, na verdade, “a continuidade da opressão, incompetência e corrupção”.
“Ela não é Luz, é fogo que mata a esperança dos jovens”, concluiu.
A advogada e ex-primeira-dama sugeriu ainda que Daniel Chapo deveria ter iniciado o seu mandato pedindo desculpas ao povo moçambicano, em nome de cinco décadas de promessas não cumpridas, pobreza extrema, analfabetismo persistente e uma justiça parcial.
As declarações rapidamente geraram debate nas redes sociais e foram reforçadas por outras vozes da diáspora moçambicana. A jornalista Selma Inocência, residente fora do país, defendeu a posição de Lígia Fonseca, afirmando que tais críticas não são fruto de emoção, mas sim de análise consciente de quem “conhece a governação de perto e na prática”.
“Chamar-lhe-iam, como fazem a muitos de nós, ‘apóstola da desgraça’ ou ‘inimiga do desenvolvimento’… mas ela fala com base em dados reais”, comentou Selma.
As críticas surgem num momento de crescente descontentamento popular em Moçambique, especialmente entre os jovens, diante da falta de oportunidades, dos escândalos de corrupção e da crise económica. A cerimónia dos 50 anos, embora marcada por atos solenes e homenagens à luta de libertação, não escapou ao olhar crítico de parte significativa da sociedade que, como Lígia Fonseca, questiona o real significado de meio século de independência.
Redação: Índico Magazine