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Tentativa de assassinato de Hedson Massingue após crítica ao projeto SUSTENTA: “Não matem as vozes críticas do regime”

O analista político moçambicano Hedson Massingue revelou ter sido alvo de uma tentativa de assassinato na noite de terça-feira (1), momentos após participar do programa Plantão 24, da TV Sucesso, onde fez duras críticas ao fracassado projeto SUSTENTA, implementado pelo ex-ministro da Agricultura, Celso Correia, e tido como uma das bandeiras do governo do antigo Presidente Filipe Nyusi.

“Saí do programa onde apresentei a minha visão sobre o projeto SUSTENTA e fui abordado por homens que se faziam a uma viatura de alta cilindrada. Graças à rápida intervenção dos seguranças de estabelecimentos nas imediações, os homens fortemente armados fugiram do local. Um sinal divino de que a minha hora não tinha chegado”, relatou Massingue, visivelmente abalado, mas firme.

Durante o programa e em declarações posteriores, Hedson deu mais detalhes sobre o sucedido:

“Ah, depois do programa que tivemos com o Vasco Dava — por acaso, só estive nesta circunstância porque queria falar dar boleia a ele — abordámos vários assuntos, entre eles o SUSTENTA... Aquilo valeu-me uma tentativa. Que Deus colocou a mão… teria se consumado, se o Vasco não tivesse percebido o que realmente estava a acontecer”, explicou.

Massingue revelou que o incidente ocorreu nas proximidades do Ministério do Interior, e que a sua vida foi salva pela ação dos seguranças destacados no local.

“Estou indignado porque isto deu-se próximo ao Ministério do Interior. Graças a Deus, os guardas que fazem o plantão intervieram prontamente e deram-nos assistência. A Primeira Esquadra colou-se a nós, registámos a ocorrência.”

De forma direta, o analista endereçou acusações graves ao ex-ministro Celso Correia e à estrutura que, segundo ele, se beneficiou do programa:

“Quero dizer ao dono do SUSTENTA: eu não tenho medo da morte. O problema do SUSTENTA não foi despolitizado só por mim. O Tribunal Administrativo já trouxe um relatório em 2020, está lá esclarecido. O CDD e o Venâncio começaram com isso. Então por que é que o senhor tem que perseguir a mim, só porque falo disso? Sei muito bem o que está a acontecer. Tenho a matrícula da viatura e posso partilhar. Não tenho problemas com pessoas, tenho problemas com o que está a acontecer neste país.”

Massingue recordou ainda os assassinatos não esclarecidos de Gilles Cistac, João Chamusse e Elvino Dias, e fez um apelo à justiça e à proteção das vozes críticas:

“Não matem os fazedores de opinião. Nós falamos pelo povo. Não assassinem vozes críticas do regime. Este país está cheio de gente a morrer porque há um grupo que acha que a arte de roubar lhes convém. Nós estamos aqui para informar os moçambicanos, não para fazer política de fome.”

E reiterou:

“Se alguma coisa me acontecer, o culpado número um é a gangue do SUSTENTA. Trago evidências. Roubaram sim. O SUSTENTA foi um fiasco. Pensionistas e formandos estão hoje sem emprego. E os inocentes pagam o preço.”

Num tom mais profético e emotivo, Massingue concluiu com um apelo ao Presidente da República:

“Cuidado com as pessoas que estão ao seu lado. Nem todo mundo que está consigo, está consigo. Se agora vão bombar todo mundo pra fora, melhor: saberemos quem são os implicados neste projeto fracassado. Mas se o fracasso de um projeto tem a mim como troféu… Ei! Eu não sou troféu. Tenho família, filhos e um chamado de Deus.”

O moderador do programa, Vanito Romeo Carlos, reforçou a gravidade da situação:

“Exorto aos ‘Esquadrões da Morte’ que deixem os painelistas e o povo moçambicano viver em paz. Não matem ninguém!”

O caso gerou forte comoção nas redes sociais e entre setores da sociedade civil, num contexto de crescente intimidação contra analistas e opositores em Moçambique. Até ao momento, não houve um posicionamento oficial do Ministério do Interior nem de Celso Correia sobre as acusações.


Redação: Índico Magazine
Fonte Primária: TV Sucesso – Programa Plantão 24